Busca no site:

Dor de cabeça pode ser causada por desregulação de mecanismos cerebrais

485b6eafad4b4dc233929278565b67a9Dor de cabeça ou, cientificamente, cefaleia. Sente com frequência? Caso a resposta seja sim, você não está sozinho. Ela é a principal queixa da humanidade e a nona causa de ida ao médico. De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleia (SIC), são mais de 200 tipos e apenas 3% da população mundial está livre de ter alguma crise ao longo da vida.

Há, entretanto, um tipo de dor de cabeça que compromete a vida familiar, social e produtiva de 80% das pessoas que sofrem com o problema. Quem tem – e, no Brasil, esse número passa dos 30 milhões -, convive com crises que vêm e voltam recorrentemente, na maioria das vezes sem aviso prévio. É a enxaqueca.

“O processo doloroso interfere demais na qualidade de vida do indivíduo, porque é, normalmente, uma dor de forte intensidade associada a vários sintomas e que costuma piorar, podendo levar a pessoa a ficar acamada. Isso acaba interferindo no âmbito profissional, acadêmico, interpessoal”, justifica o neurologista Marcelo Ciciarelli, presidente da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBCe).

Segundo ele, o impacto da enxaqueca pode ser medido, por exemplo, pelo índice elevado de ausência ao trabalho. “Uma pesquisa europeia recente revelou que 25% das pessoas com enxaqueca diária ou quase diária estão desempregadas”, descreve.

Ajuda médica

Segundo estudo recente publicado pela revista Cephalalgia, cerca de 18% das brasileiras e 6% dos brasileiros têm o problema. Apesar de, nos dois extremos (infância e velhice), os percentuais atingirem de forma equilibrada ambos os gêneros, por volta dos 30 anos a prevalência nas mulheres chega a ser quatro vezes maior.

Em Fortaleza, estima-se que haja 170 mil enxaquecosos. 85% deles têm mais de duas crises por mês. Diante dos sintomas – a maioria incapacitante – o primeiro passo é procurar ajuda médica. Com o tratamento adequado, é possível conviver com crises cada vez menos frequentes (e de menor intensidade), além de melhorar a qualidade de vida.

Sem marcador

Até 1962, indica o neurologista João José Carvalho, chefe do Serviço de Neurologia e coordenador da Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza, não havia um consenso internacional sobre a definição de enxaqueca. Isso porque, no caso das doenças sem um marcador biológico, como ela, o diagnóstico se baseia em critérios clínicos.

“No diabetes, por exemplo, o marcador é a glicemia. A medição comprova que o indivíduo tem a doença. Com as patologias sem marcador é diferente. O paciente não pode provar que está com dor, nem o médico que você tem enxaqueca. Por isso, a entrevista clínica é essencial para o diagnóstico”, diz o neurologista, que estuda o tratamento da dor de cabeça há 32 anos.

Hoje, a classificação da SIC já estabelece um consenso quanto aos principais sintomas desse tipo de cefaleia, que possui 16 formas de apresentação. A com aura e a sem aura são as duas principais.

Quando toca o alarme

Mas, afinal, o que causa a enxaqueca? Trata-se de uma doença biológica, genética e hereditária. “Não tem nada a ver com comida, com comportamento, com menstruação. Esses são modelos leigos que vêm há décadas e não resolvem o problema. A enxaqueca é uma desregulação que envolve mecanismos cerebrais do controle da dor. É um alarme que toca periodicamente, sem motivo. Todos temos esse mecanismo de alarme, que só é para disparar quando há um motivo; nos enxaquecosos ele é desregulado e dispara à toa”.

Quando o alarme está nessas condições, há duas formas de fazê-lo parar. A primeira é desligá-lo – essa é paliativa, emergencial. A outra, é regulá-lo para que não toque mais. Poderia ser só uma metáfora, mas é nela que residem os princípios para o tratamento.

Fonte: Diário do Nordeste.

Deixe um comentário

Unimed Aracati
Travessa João Adolfo, 957 - Aracati
Telefones: (88) 3421-1610 / (88) 3421-2433